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A intersecção entre esportes e gaming: explorando o mundo dos e-sports

Os esportes eletrônicos, ou e-sports, já não são mais apenas uma simples diversão entre amigos; para muitos, o esporte passou a ser negócio e profissão, assim como outros esportes como futebol, tênis e vôlei.

Os jogadores profissionais se dedicam integralmente a essa atividade, passam horas treinando e participam de equipes estruturadas onde são preparados fisicamente e mentalmente para enfrentar os desafios de jogar durante horas a fio em grandes competições.

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A estrutura dessas organizações se assemelha a um clube de futebol, com profissionais que complementam a atividade e potencializam os resultados e treinamentos em ambientes especialmente preparados para os atletas.

Encontramos nessas equipes nutricionistas, preparadores físicos, psicólogos e outros profissionais que trabalham em tempo integral todos com o objetivo de formar um time campeão.

Os gastos de toda essa máquina são suportados por patrocinadores e seguidores que compram os produtos licenciados do time.

Sendo assim, fica fácil ver a interseção entre os esportes tradicionais e os e-sports: as estruturas criadas no futebol, por exemplo, também são usadas nos e-sports. Há atletas, grandes patrocinadores, treinadores, competições organizadas com prêmios milionários, torcidas nas arquibancadas e equipes que disputam os troféus.

Os  e-sports entretanto não são considerados exatamente um esporte para algumas pessoas: é o caso da nova ministra do esporte, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser.

Uma discussão com idas e vindas

A princípio, a discussão se os e-sports são ou não esportes pouco ou nada importa, afinal ninguém deixará de jogar no momento que souber que os e-sports não são um esporte, ou começará a jogar no momento que jogar DOTA seja um esporte assim como arremessar uma bola em uma cesta de basquete.

Mas a questão não é tão simples de ser solucionada: se os e-sports passarem a ser considerados esporte pelo governo isso significa o apoio financeiro do estado. Ao que parece ainda há uma resistência a isso.

A discussão ainda é recheada de alguns clichês e falta de conhecimento, com uma ideia de que os e-sports não exigem existe esforço físico por parte desses atletas, portanto não pode ser considerado um esporte.

Essa visão está completamente errada, esses esportistas passam horas treinando e jogando competições e muitas vezes sofrem contusões sérias principalmente na coluna, ombros e outras regiões em decorrência do desgaste e movimentos repetitivos.

Por esse motivo eles têm uma preparação física focada para essa atividade. Esses atletas precisam estar preparados fisicamente e mentalmente já que o nível de concentração exigido em uma competição é muito alto.

Para isso, as equipes profissionais dispõem de especialistas em estratégia, auxiliares de desempenho, treinadores, entre outros profissionais, exatamente como um time de vôlei ou futebol.

Encontramos nas grandes equipes além da estrutura física funcionários que cuidam de todo o processo ligado diretamente aos gamers como o manager responsável pela gestão e operação da casa, o treinador e o analista de desempenho. 

As grandes equipes de e-sports têm centros de treinamento onde os atletas treinam e descansam como se estivessem em suas casas. Ali temos nutricionistas que preparam refeições balanceadas para que tenham uma alimentação saudável.

Antes das competições os atletas recebem frutas, vitaminas e barras energéticas para que estejam preparados para enfrentar os desafios. Juntamente com a boa alimentação eles cumprem períodos de descanso exatamente como se em uma equipe de futebol estivessem.

Um gamer profissional precisa estar condicionado fisicamente e ter uma excelente habilidade motora. A quantidade de lesões que podem sofrer é considerável como lesões nas mãos ao trabalhar com o mouse e o teclado ao mesmo tempo ou no uso de joystick quando trabalham com as duas mãos sempre com o mesmo movimento repetitivo.

Torneios de peso

Para que esses atletas possam participar dos grandes torneios no Brasil e no mundo é preciso que se façam grandes investimentos entre salários, inscrições, viagens, alojamento e outras despesas paralelas.

Caso vençam ou tenham uma boa colocação nesses torneios o retorno é considerável já que as premiações são bastante altas.

A equipe brasileira FURIA, que ocupa a 18ª colocação no ranking, recebeu mais de US$ 1.700.000 (cerca de R$ 8 milhões) em premiações apenas em 2022. A LOUD que está no 61º lugar do ranking ganhou US$ 641.000 (R$ 3 milhões).

Dentre os mais importantes torneios que temos no exterior e no Brasil podemos citar, separando pelos jogos, são:

  • Dota 2

O International é organizado pela Valve Corporation, uma empresa americana desenvolvedora de jogos. Essa é a mais importante competição do circuito profissional de Dota. O primeiro torneio foi em 2011 e a premiação era para a época inacreditável, cerca de US$ 1,6 milhão de dólares.

Na edição de 2021 o prêmio atingiu a casa dos US$ 40 milhões de dólares, tendo sido visto por mais de 1,5 milhões de pessoas.

  • League of Legends

O Worlds conhecido também por League of Legends World Championship é o mais famoso e importante torneio de e-sports de League of Legends. Equipes de vários países participam deste evento organizado pela Riot Games, a empresa desenvolvedora do jogo.

O primeiro torneio oferecia uma premiação de menos de 100 mil dólares em 2011 e na edição de 2022 passou dos 2 milhões de dólares. Este ano a competição será realizada na Coréia do Sul, todavia não temos ainda o valor da premiação.

Major League Gaming

Mesmo não sendo um torneio que tenha uma premiação tão significativa como o Dota 2 ele é de muito peso e um dos mais seguidos pelos fãs tendo chegado em 2022 a mais de 3 milhões de pessoas ao redor do mundo.

  • Major League Gaming

A MLG foi uma das primeiras a organizar campeonatos de e-sports tendo começado em 2002. Os jogos disputados são o Heroes of the Storm, Overwatch, Warcraft entre outros. As premiações nessa competição são milionárias.

  • CBLOL

O Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL), também da Riot Games, neste ano de 2023 sofreu um aumento de cerca de 20% em relação a premiação da edição do ano passado, sendo assim distribuirá R$ 1,2 milhão em prêmios.

  • LBFF

A Liga Brasileira de Free Fire (LBFF) nesta 9ª edição terá início em 15 de abril com a final marcada para 5 de agosto. Os valores da premiação ainda não foram divulgados.

  • VCB

No Valorant Challengers Brasil serão R$ 810 mil a serem divididos igualmente entre as duas etapas da competição. As equipes com melhor desempenho entre as duas etapas disputarão o Challengers Ascension para obter uma vaga na Liga Américas.

Para termos uma ideia do crescimento dos e-sports no mundo, basta observar o volume de premiações distribuídas. Na temporada de 2022 os campeonatos de esportes eletrônicos chegaram a distribuir cerca de US$ 220 milhões (mais de R$ 1,105 bilhão) em premiações.

Foram realizados 4.275 campeonatos ao redor do mundo e os que tiveram as maiores premiações foram os de Dota 2 e Arena of Valor.

O futuro dos e-sports

Com muitos fãs jovens e cada vez mais torneios de peso, grandes equipes e patrocinadores grandes, não há como deixar de prever um forte crescimento para os próximos anos, com a conquista de mercados ao redor do mundo e uma legião de fãs que só aumenta.

Independentemente se será considerado esporte e terá o respeito e admiração de todos, o peso dos e-sports só irá crescer e ele será tão grande que qualquer discussão sobre sua viabilidade e importância se tornará obsoleta.

A interseção sobre os esportes e os e-sports continuará existindo e o que existirá de mais avançado em esportes tradicionais será usado nos e-sports e vice-versa. Um bom exemplo é a Fórmula 1, que usa simuladores com seus pilotos para uma melhor preparação do carro e dos próprios profissionais.

No futebol também há exemplos de profissionais usando jogos simuladores para descobrir nomes promissores em mercados alternativos. Ou seja, toda informação será válida e bons jogos poderão ter espaço até na preparação de grandes atletas e equipes.

A maior semelhança hoje sem dúvidas é a paixão que é gerada, com torcedores fervorosos de equipes se formando, assim como clubes grandes de futebol tem seus torcedores consumindo, apoiando e acompanhando. Se esportes tradicionais estão solidificados na cultura e comportamento, outros esportes que não tem torcedores jovens e interesse se renovando podem sofrer com a perda para os e-sports, o que trará ainda mais receio e opiniões atrasadas.

Com todo esse acompanhamento, é natural que o dinheiro de empresas que queiram expor suas marcas e aproveitar esse boom chegue em peso. Não só empresas de equipamentos para jogar os melhores jogos, mas também marcas que queiram se conectar com um público jovem e antenado, em várias indústrias. Se há dinheiro, há interesse e cada vez mais jovens se conectando, não tem como ficar parado. O crescimento continuará sendo enorme, como já foi na última década.

Conclusão

Os e-sports a cada dia mais estão se enraizando como um dos esportes preferidos da juventude com milhões de seguidores. A questão se o governo e especialistas o consideram ou não um esporte como os outros esportes tradicionais deixará de ser discutida muito em breve.

Ao que parece as opiniões são mais pessoais do que científicas e sendo assim essa resistência deverá cair por terra.